Roteiro de Estudos
Professor: Garcia
Turmas: 3ª série
Número de aulas 4 por semana – 22/-6 a 26/06
Sensibilização: O êxito da vida não
se mede pelo caminho que você conquistou, mas sim pelas dificuldades que
superou no caminho.
Habilidades: Saber reconhecer e produzir textos de
opinião
Sequência de Atividades: Produza um texto de
opinião sobre o tema proposto, faça manuscrito e com autoria própria.
Forma de avaliação: será considerado a parte
gramatical e estrutural,
Contato: Para dirimir dúvidas use o email: marcosjpgarcia@hotmail.com
Referência: Use as aulas da plataforma do Governo, e a
apostila
Tema de Redação da Semana 40 já
está liberado! Quer saber qual é? Confira abaixo o tema e a proposta de
redação, com a coletânea de textos, para você treinar a sua escrita e garantir
uma boa nota do vestibular!
TEXTO I
Foi Fernando
Sabino em “Martini seco” (1987) quem propôs a reflexão. “Qual a cor do
tabuleiro de damas?”, indagou o escrivão, um dos personagens, após vencer o
amigo comissário de polícia numa partida. Seria branco com quadrados pretos ou
preto com quadrados brancos? O comissário tentou as duas opções e errou a
resposta. Ao fim, o escrivão sentenciou: “É de outra cor, com quadrados pretos
e brancos”. A lembrança do episódio literário, que acabou dando nome à
autobiografia (“O tabuleiro de damas”, 1999) do escritor mineiro morto há dez
anos, emergiu da polêmica da semana nas redes sociais — a essa altura, já
enterrada. De que cor seria o vestido da escocesa: branco e dourado ou preto e
azul? O tolo questionamento se presta a explicar os dias de hoje, da vida em
plebiscito permanente.
Por 24 horas, o
mundo virtual se ocupou do enigma. A imagem do vestido foi alvo de dezenas de
milhões de visualizações. Jornalistas se ocuparam da pauta. Oftalmologistas,
neurocientistas e psicólogos foram convocados a explicar o Fla-Flu da ocasião.
Os tensos perderam o sono. Os indiferentes foram dormir. Os debochados fizeram
piada. Os ocupados esculhambaram o falso drama. Os radicais desqualificaram a
opinião contrária. Sinal dos tempos.
E assim o dilema
do vestido virou metáfora dessa época repleta de certezas fugazes, avessa à
tolerância. Uma cor é uma cor. E pronto. Sentença emitida, hora da polêmica
seguinte. Importa pouco se 10%, um quarto ou dois terços enxergam a peça (ou a
vida) em outros tons.
Fernando Sabino,
certa vez, explicou assim o diálogo sobre o tabuleiro de damas: “Quis sugerir
que, por baixo da realidade que se apresenta aos nossos olhos, existe outra”.
Do lado da ciência, o médico Luis Fernando Correia ensinou que a visão humana
não é objetiva como parece: “Há mais interpretação que certeza. Cada cérebro interpreta
as cores de um jeito próprio. E tudo bem”.
Na ausência
dessa compreensão, reside a intolerância despudorada, de cores fortes e sem
filtro, das redes sociais, que tanto mal faz ao debate democrático. Facebook e
Twitter são torcidas organizadas de times rivais. Não basta torcer pelo próprio
clube; é preciso humilhar, destruir os fãs adversários. Em segundo plano fica o
esporte, paixão nacional a caminho da vala.
Na política,
idem. O mundo virtual se divide entre os que enxergam o Brasil como irremediável
fracasso ou sucesso em gestação. É tudo branco ou preto. Não há espaço nem para
50 tons de cinza, para usar a referência cinematográfica da vez, nem para a
outra cor de Sabino.
E na agenda dos
direitos civis, há quem sobreponha classificação de gênero ao afeto nas
relações familiares. Daí o presidente da Câmara dos Deputados desarquivar uma
proposta de legislação que limita a homem, mulher e descendentes a definição de
família. É mais que diferença de visão, é falta dela.
Na loja virtual
da varejista britânica, as vendas do vestido preto e azul quase quadruplicaram
com o dilema das cores. A empresa, agora, estuda lançar o modelo branco e
dourado. Fica aqui a sugestão que a peça venha também em outra cor, coberta de
branco, dourado, preto e azul. Salve o tabuleiro de Sabino!
Sobre visões e
tons. OLIVEIRA, Flávia. Disponível em: .
TEXTO II
Ninguém
representa maior ameaça à liberdade do outro do que quem se considera dono da
verdade. E a lógica que conduz da certeza inquestionável ao linchamento do
discordante é simples: “se eu estou com a verdade e ele discorda de mim é que
ele está com a mentira, e não se pode deixar que a mentira prospere”. Logo,
calar o mentiroso (ou o traidor da verdade) é um bem que se faz à pátria ou à
humanidade ou a Deus ou ao partido.
Existem verdades
de diferentes pesos e, conforme o peso, mais grave ou menos grave será o erro
praticado pelo discordante. Por exemplo, se minha verdade consiste em afirmar
que o futebol-arte é melhor que o futebol-força, o máximo que pode resultar
disto serão algumas tiradas irônicas mas, se estou convencido de que minha
seita é a única que incorpora a verdade do Cristo Salvador, aí o discordante
está do lado do Diabo, a encarnação do Mal. (…)
Já escrevi aqui,
mais de uma vez, que quem aceita a complexidade do real – do mundo, da vida –
não pode ser sectário, não pode ser radical em suas convicções. Noutras
palavras, só é sectário – dono da verdade – quem simplifica as coisas, ignora
que todo problema contém diversos lados e contradições. Lidar com essa
complexidade é, sem dúvida, difícil e desconfortável; muito mais cômodo é
afirmar: “aquele sujeito é um imbecil” — em lugar de tentar entender as suas
razões. Isto se vê a todo momento, especialmente nas discussões políticas. É a
tática de desqualificação do outro. Em lugar de responder a seus argumentos,
afirmo que ele é safado, desonesto, mau caráter.
Veja bem, quando
digo que se deve ser tolerante e que não existem verdades absolutas, não estou
pregando o abandono das convicções firmes e das atitudes éticas. Umas e outras
devem ser fruto do conhecimento e da reflexão, os quais nos conduzirão
inevitavelmente a reconhecer que a realidade excede nossa capacidade de
abrangê-la integralmente. O conhecimento e a reflexão nos conduzem à modéstia e
à tolerância. Quando perguntaram a Marx qual a virtude intelectual que mais
admirava, ele respondeu: a dúvida.
Raiz da
intolerância. GULLAR, Ferreira. Melhores crônicas. Disponível em: Google Books.
O artigo de
Flávia Oliveira e a crônica de Ferreira Gullar traduzem com maestria um quadro
que continua sendo pintado, com cores
cada vez mais fortes, no Brasil de hoje: o da intolerância. Em um
contexto de desenvolvimento das mídias digitais, a possibilidade de anonimato e
o crescimento de diversas comunidades parecem potencializar esse sentimento de
reprovação – que, todos sabemos, não começou na internet.
Levando em
consideração as ideias apresentadas, coloque-se na posição de um articulista e,
utilizando dados, exemplos e diversas outras ferramentas de argumentação,
construa um artigo jornalístico opinativo para uma série especial sobre a
sociedade, publicada em um jornal de grande circulação. Nesse artigo, você,
necessariamente, deverá:
a) apresentar
pelo menos um (1) exemplo de intolerância que tenha sido divulgado nas mídias
nos últimos meses – diferente dos apresentados nos textos motivadores;
b) apresentar um título criativo.
c) seu texto deve ser manuscrito e autoral (nada de cópias)
Nenhum comentário:
Postar um comentário